Os 3 grandes benefícios de viajar em Portugal
benefícios financeiros diretos na carteira, benefícios financeiros indiretos na carteira, benefícios
Escolher o destino das nossas viagens é muitas vezes algo que nos demora bastante tempo.
Temos sempre muitas ideias do que gostaríamos de ver, culturas diferentes com as quais queremos contactar, construções famosas ou quadros que gostaríamos de admirar, e às vezes, só queremos descansar e relaxar do nosso trabalho.
Depois vem a parte financeira...
Quanto custa ir até ao país que gostaria de visitar? Será que tenho orçamento?
Às vezes temos de adiar a viagem até ao destino pretendido porque simplesmente não há dinheiro naquele ano para ir até tão longe ou pagar preços tão altos.
Muitas vezes não nos lembramos de Portugal como um possível destino enquanto fazemos os nossos planeamentos.
Portugal é um país fantástico, tem locais lindíssimos, uma historia longa e rica com cerca de 900 anos e uma cultura particular. Por isso, o nosso país pode ser um destino muito interessante para estar permanentemente na nossa lista de destinos.
Claro que viajar para o estrangeiro é fantástico e tem muitas coisas que ainda não vimos, mas encaixar Portugal na nossa lista de destinos recorrente pode ser uma ótima ideia.
Ao invés, por exemplo, de fazermos uma viagem por ano, talvez, incluindo locais em Portugal nos nossos destinos, possamos baixar os custos do nosso orçamento anual e até viajar duas vezes!
Para mim, fazer turismo em Portugal tem três tipos de benefícios diferentes: 1) benefícios financeiros diretos, 2) benefícios financeiros indiretos e 3) benefícios culturais.
1. Benefícios financeiros diretos de viajar em Portugal
Os benefícios financeiros diretos são aqueles que afetam diretamente a nossa carteira. Isto é, que nos permitem poupar dinheiro e reduzir os nossos custos com a viagem.
Para mim, os três principais são 1.1) deduções no IRS, 1.2) preços adequados ao nosso nível de vida, e 1.3) custos de transporte baixos.
É bem possível, que o dinheiro que poupamos por viajar em Portugal nos permita até fazer uma outra viagem, ou utilizar o dinheiro em outra coisa qualquer.
1.1 Deduções no IRS
Se viajarmos em Portugal e pedirmos faturas com o nosso número de contribuinte nos hotéis onde ficarmos e nos restaurantes onde comermos, permitem-nos deduzir despesas no nosso Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares (IRS).
Ao pedirmos fatura com o nosso número de contribuinte, o hotel ou o restaurante onde formos, envia esses dados para as Finanças (Autoridade Tributária) que, por sua vez, a adiciona ao nosso perfil de contribuinte.
Em cada fatura paga, há sempre uma parte incluída do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), que no caso da restauração e da hotelaria é de 6%.
Por pedirmos fatura, recebemos um benefício de 15% no nosso IRS em todo o valor de IVA pago nas faturas de hotéis e restaurantes. Este valor é-nos devolvido pelas Finanças até um máximo de €250 anual, no ano seguinte, quando enviarmos o nosso IRS para processamento.
Por exemplo, se passarmos uns dias num hotel junto às fantásticas praias algarvias e, no final, nos apresentarem uma fatura de €1.000, então o IVA pago será de €60 (1.000 x 0,94 ). Logo temos um benefício direto de cerca de €9 (0,15 x €60) no nosso IRS.
Convém ter em conta que nem todas as despesas têm o mesmo IVA e, portanto, as contas nem sempre são tão diretas como no exemplo acima.
Por exemplo, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos e águas gaseificadas têm todos IVA de 13%. Tanto nos restaurantes como nos hotéis.
Tudo o resto que não seja hotelaria direta (dormidas e pequenos almoços) nem as exceções acima, é-lhes aplicada a taxa genérica de 23% em Portugal continental (a taxa de IVA varia para a Madeira e Açores).
Adicionalmente, todas as faturas que pedirmos com o nosso contribuinte relativas a transportes (passes, bilhetes de metro, de autocarro) e combustíveis permitem-nos também fazer uma dedução no IRS.
1.2 Preços adequados ao nosso poder de compra
Vivemos em Portugal e trabalhamos em Portugal, por isso, diz-nos a lógica da procura e da oferta na economia, que os preços praticados nos nosso país estão adequados ao salário dos portugueses.
O mesmo não acontece se viajarmos para a Suíça, onde os preços dos produtos e dos serviços estão adequados aos salários dos suíços.
Por isso, para um português viajar para a Suíça terá de gastar muito mais dinheiro numa noite de hotel ou num restaurante do que se fizer exatamente o mesmo em Portugal.
Pegando no exemplo da Suíça, os preços podem ser 90% superiores aos preços de Portugal. Quer isto dizer que um hotel que em Portugal nos custe €100 por noite, na Suíça um hotel semelhante poderá custar em média cerca de €190. Se ficarmos 10 noites, em Portugal custar-nos-ia €1,000 e na Suíça €1,900.
Por isso, utilizando este exemplo, ao optarmos por viajar em Portugal ao invés da Suíça poderíamos poupar cerca de €900 em apenas 10 dias. Só esta diferença dá-nos para fazer outra viagem para outro sítio em Portugal ou até no estrangeiro.
Podemos também usar a diferença de valor entre países para ficar num hotel melhor em Portugal.
Se admitirmos que o hotel de €190 na Suíça tem uma qualidade parecida com o de €100 em Portugal, então se quiséssemos gastar os mesmos €1,900, poderíamos fazer um upgrade ao nosso hotel em Portugal e ficar num de €190 por noite, o que teria bem mais qualidade (e, conforme expliquei acima, ainda aumentaria mais o benefício obtido no IRS).
1.3 Custos de transporte baixos
Portugal tem cerca de 560km de comprimento e de 220km de largura, por isso, não diria que é um país mínimo, mas não é certamente um país grande.
Quer isto dizer, que se nos mantivermos dentro de Portugal, as distâncias que vamos percorrer nunca serão muito grandes. Logo, se não vamos para muito longe, então vamos gastar menos com a deslocação.
Claro que muitas vezes há voos muito baratos para países até bastante distantes. No entanto, ao chegar ao destino acabamos por ter outros custos com os transportes, sejam autocarros, comboios, metropolitanos, etc.
No final de contas, em condições normais, percorrer mais quilómetros, tem mais custos.
Ao ficar em Portugal, conseguimos quase sempre gastar menos dinheiro com os transportes.
Podemos utilizar o nosso carro (e mesmo que paguemos bastante combustível temos liberdade para ir a qualquer lugar), podemos ir de transportes públicos como autocarros ou comboios, ou eventualmente até alugar carro.
Genericamente, o facto de não acrescentarmos a fatura do avião, é algo que acaba sempre por baixar bastante o preço da nossa viagem.
Basta pensar para uma viagem semelhante em Portugal em comparação com uma deslocação, por exemplo, para Londres no Reino Unido, um destino mais ou menos perto.
Não quero utilizar valores muito específicos, porque os custos de transporte são sempre variáveis, mas escolhi alguns valores médios para podermos pensar na lógica do que quero dizer.
Um exemplo do comparativo de custos de uma viagem genérica para uma cidade qualquer de Portugal, ficar por lá, e voltar; e de uma viagem genérica para Londres, mais uma vez, ficar na cidade, e regressar:
Viagem Portugal (€150) = comboio de ida (€50) + autocarros locais (€50) + Comboio de regresso (€50)
Viagem Londres (€250) = avião ida (100€) + autocarros locais (€50) + avião regresso (€100)
Claro que os valores dos voos ou dos comboios podem variar. Mas convém ter em atenção que, na maior parte das vezes, sempre que o custo do avião baixa, aumenta o preço dos transportes locais, uma vez que, normalmente, vamos para aeroportos mais longe e, portanto, temos obrigatoriamente de pagar mais nos transportes locais para ir até ao centro da cidade.
Para além disto, quando marcarmos as viagens de avião, convém-nos sempre fazê-lo com alguma antecedência para garantirmos lugar e um preço mais baixo, o que não acontece tanto com autocarros ou comboios.
Concluindo, no exemplo que coloquei acima, são €100 de custo a menos. Se forem duas pessoas, são €200 a menos. Se forem mais pessoas, será ainda uma poupança maior.
Se somarmos a poupança dos custos de transporte com o facto de pagarmos hotéis e restaurantes a preços que estão, normalmente, de acordo com os nossos salários, e ainda a dedução no IRS, então a poupança vai acumulando. E mais, a poupança aumenta quanto maior for o número de dias da viagem!
2. Benefícios financeiros indiretos
Os benefícios financeiros indiretos são aqueles que geram dinheiro, mas que não entram diretamente na nossa carteira.
Estou a falar do dinheiro que circula na economia.
Diz-se muito que quando gastamos dinheiro em produtos portugueses ou em lojas portuguesas que isso é bom e que gera dinheiro. Mas porquê?
Para explicar o meu raciocínio, gostava de lembrar um economista americano, John Maynard Keynes.
Em 1937, Keynes publicou um livro inovador: "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda".
Keynes criou um modelo que explicava o rendimento gerado numa economia, em função do consumo das pessoas, do investimento e dos gastos dos estados. O modelo simplificado era o seguinte:
Y (rendimento) = C (consumo) + I (Investimento) + G (Gastos do estado).
Ora, pensando num exemplo, vamos dizer que numa pequena economia, todos os anos, as pessoas comportam-se exatamente da mesma maneira. Ano após ano, as pessoas compram produtos e gastam em lojas um total de €1.000, investem €1.000 e o Estado gasta com salários dos funcionários públicos e fornecedores outros €1.000.
Portanto, aplicando o modelo de Keynes simplificado, o rendimento gerado no país (PIB) é €3.000.
Ora, o João é vendedor de automóveis e vive nesta economia. Todos os anos ele passa férias no Mónaco e nunca em Portugal (o João tem bastante dinheiro...).
Vamos dizer que o João gasta €10 nestas suas férias de luxo todos os anos, entre hotéis, restaurantes e lojas no Mónaco.
No entanto, este ano, o João decidiu que não ia para o Mónaco e que ia para a praia nesta pequena economia gastar exatamente o mesmo dinheiro que costuma gastar.
Logo, o que aconteceu é que o consumo na pequena economia passou de €1.000 para €1.010. Portanto, o rendimento total do nosso mini-país aumentou para €3.010.
O que é que isto quer dizer?
Quer dizer que o dono do hotel onde o João passou férias teve um ano muito bom porque faturou mais €10 do que tinha previsto. Como o hotel passou a ter mais ocupação, o dono já não tinha mãos a medir com o trabalho extra e teve de contratar mais uma pessoa para o ajudar com o atendimento aos clientes (porque queria manter o João feliz para ele voltar no ano seguinte...).
Com o dinheiro extra, o dono do hotel contratou a Joaquina que estava desempregada e a receber subsídio de desemprego.
Com o aumento de faturação, o dono do hotel achou que finalmente podia trocar o seu carro com 20 anos por um novo. Lembrou-se que o João vendia automóveis e contactou o seu stand de vendas. O João acabou por lhe vender um carro novo e receber uma bela comissão!
Claro que ainda poderia falar do facto de o Estado do nosso mini-país já não estar a pagar o subsídio de desemprego à Joaquina e, por causa disso, teve mais dinheiro e decidiu que estava na altura de renovar a frota de carros do exército.
No final do ano, o João pensou: "O que terá acontecido este ano para aumentar as vendas de automóveis? Logo no ano que eu passei férias no meu mini-país! que coincidência!" :)
Não quero dizer com isto que devemos apenas viajar em Portugal. Quero apenas salientar que todo o valor que gastarmos na nossa economia faz o rendimento gerado no país aumentar, o que indiretamente, faz entrar mais dinheiro nas nossas carteiras.
A mesma lógica é aplicável se, mesmo que decidamos viajar para o estrangeiro, o façamos com companhias aéreas Portuguesas (ou sediadas em Portugal), através de agências de viagens portuguesas ou websites portugueses.
3. Benefícios Culturais
Portugal é um país com uma cultura bastante rica e com muitos sítios bonitos para visitar, tanto do ponto de vista de arquitetura, como de beleza natural.
Durante a escola, estudamos uma grande parte da história de Portugal, mas acabamos, muitas vezes por não conhecer os sítios de que estamos a falar.
Conhecer a cidade berço de Guimarães, a cidade académica e antiga capital, Coimbra e até o antigo reino do Algarve, a última região de Portugal a ser conquistada, o que nos permite "viver a nossa história".
Isto é, vermos, ao vivo os sítios que durante tanto tempo ouvimos falar nas aulas de história ou em programas televisivos.
É certo que é muito interessante conhecer a história e a cultura de vários sítios no mundo e ver construções icónicas, como Machu Pichu ou a Torre de Piza, mas conhecer o nosso país e ver a nossa história ao vivo é algo de muito especial.
Para além da parte cultural, Portugal tem a parte natural. Conhecer regiões como o Gerês, a Serra da Estrela, ver as grutas que existem pelo país, entre outros locais de uma grande beleza natural, onde podemos fazer caminhadas pela natureza (ou corrida...), respirar ar puro e relaxar do nosso trabalho.
A não esquecer também, a principal parte do turismo Português, que são as praias.
De norte a sul existem praias fantásticas. É certo que umas têm a água mais fria que outras, mas onde falta a temperatura, normalmente, é compensado por uma grande beleza natural.
Ficar em Portugal para viajar no nosso país, não é uma mera questão de poupança de dinheiro ou de dever cívico de incentivar a economia.
Efetivamente, existem muitas coisas interessantes e locais fantásticos para se conhecer.
Não vou sugerir nenhum local em especial, apenas que vão a um mapa de Portugal, escolham uma cidade ou vila e vão até lá um dia ou dois. Vai certamente valer a pena.
Com cerca de 900 anos de história, estou certo que do ponto de vista cultural, Portugal em nada fica a perder face a outros países por esse mundo fora.
Por último, um ponto importante é a grande qualidade da comida Portuguesa.
Podia ser suspeito, por ser português, mas perguntem a qualquer estrangeiro o que achou da comida em Portugal e vão ver que todos consideram que tem grande qualidade.
Neste aspeto, assim como em muitos outros, diria que Portugal está entre os melhores!
Conclusão
Viajar por Portugal, na minha opinião, tem 3 grandes benefícios:
benefícios financeiros diretos:
ao pedir faturas de hotéis restaurantes, transportes e combustíveis temos dedução no IRS e recebemos uma pequena parte do valor gasto de volta;
os preços em Portugal são adequados aos salários dos portugueses;
os custos de transporte são baixos porque Portugal é um país relativamente pequeno.
benefícios financeiros indiretos:
gastar dinheiro na economia portuguesa faz com que as empresas aumentem a sua faturação o que leva a um aumento de consumo;
o aumento de consumo na economia faz reduzir o desemprego e aumentar o rendimento do país (PIB);
o aumento de rendimento do país leva a um efeito positivo que, em última análise, pode até aumentar o nosso próprio salário.
benefícios culturais:
Portugal tem edifícios históricos, bonitos e culturalmente importantes;
Portugal tem regiões de grande beleza natural com montanhas e paisagens fantásticas;
Portugal tem praias ótimas;
Portugal tem um pouco para cada um de nós e em nada fica atrás de muitos outros países no mundo.
Fontes:
https://www.visitportugal.com/pt-pt/sobre-portugal/biportugal
https://www.dicionariofinanceiro.com/keynesianismo/