A minha primeira viagem à Guiné-Bissau
Como foi a primeira visita à Guiné-Bissau? Numa Palavra, inesquecivel.
Como fui parar à Guiné-Bissau?
Conheci a Guiné-Bissau entre 2009 e 2010, enquanto trabalhava como auditor financeiro, ao serviço de uma multinacional de consultoria.
Num dia de Novembro, um dos responsáveis pela gestão das equipas ligou-me e perguntou: "O que me dizer a ir conhecer um pequeno país a 4 horas de Lisboa?".
Na altura nunca tinha viajado em trabalho, por isso achei que conhecer outro país a apenas 4 horas de casa, sem ter de pagar hotel ou comida, uma ideia fantástica.
Comecei a pensar que países a 4 horas de Lisboa poderiam ter interesse em receber os meus préstimos enquanto auditor: Itália? Alemanha?
Estes são realmente países a cerca de 4 horas, mas não são países pequenos que precisem de alguem de Portugal para fazer trabalho financeiro lá.
Respondi à pergunta dele com um "Claro, conta comigo. Não há problema nenhum. Para onde vamos?"
A resposta à minha pergunta não tardou: Guiné-Bissau.
Lá se foi a minha expetativa de trabalhar no centro da Europa...
Mas não fiquei a perder! muito pelo contrário.
Ultrapassada a deceção inicial, e depois de ter o voo marcado, chegava finalmente o dia da viagem.
Os voos para Bissau (capital), são normalmente à noite.
Nesse dia, parti de Lisboa com a TAP, por volta das 21:00. O Voo foi bastante calmo, praticamente sem turbulência, e cheguei por volta da 1:00 do dia seguinte à capital Bissau.
O fuso horário é GMT +0, ou seja, a mesma hora de Lisboa ou Londres, pelo que não houve qualquer impacto de jet lag.
A chegada à Guiné-Bissau
O primeiro impacto à saída do avião é o calor. Somos atacados por uma onde de calor e de humidade (mesmo à noite), que acompanha o cheiro forte a vegetação. Algo que nunca senti em qualquer capital Europeia!
O aeroporto de Bissau é bastante pequeno e o edificio está a uns 50 metros da pista, mas mesmo assim, fomos recebidos por um pequeno autocarro do aeroporto para nos levar até ao balcão de registo de entrada no país.
Não é, por isso, de estranhar que a maior parte das pessoas tenha ignorados as indicações da equipa de logística do aeroporto e tenha seguido a pé até ao edificio.
Ainda assim, o aeroporto estava bem organizado e não foi preciso esperar muito tempo para ver o meu passaporte ser carimbado e oficialmente dar entrada no país.
Para quem pretende mais informações sobre a entrada na Guiné, o website do aeroporto é uma excelente fonte de informação (https://www.aeroporto-bissau.com/).
Assim que passei o balcão da Alfandega, chegava à altura de receber as minhas malas. Entretanto, ocorreu-me: estou em África pela primeira vez, num país com pouca reputação no que diz respeito à organização, será que posso esperar receber as minhas malas? e se não receber? onde posso comprar roupa? ou vou ter de andar uma semana com vestes tradicionais Africanas?
A verdade é que o aeroporto estava equipado com uma passadeira automática, tal como qualquer aeroporto europeu, apenas mais pequena... Ainda assim, a minha surpresa não podia aumentar mais quando vejo aquilo que me parecia ser uma casota de cão gigante a rolar na passadeira.
Não só parecia, como era, na realidade uma caixa de transporte para cão com, nada mais, nada menos, um Dogue Alemão, ou um Grand Danois (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dogue_alem%C3%A3o), ou como muitos conhecerão, o "cão do Scooby Doo"...
A minha mala vinha à frente da casota do cão, por isso tive de tirá-la da passadeira antes de conseguir ver quem era o dono daquele cão enorme. Ainda hoje estou curioso para saber quem seria o dono. Seria um expatriado Alemão que queria o seu cão consigo? Seria um Português maníaco com a segurança da sua casa em Bissau? ou um Guineense conhecido em Bissau pela sua vasta criação de "Scooby Doos"?
Agora munido com a minha roupa, estava pronto para esta primeira aventura em Bissau. Restava-me agora, quase 2 horas depois de ter chegado, arranjar forma de chegar ao meu hotel para poder ter uma noite de sono reparador. Mas neste ponto não precisava de estar nervoso, o hotel tinha transporte reservado para me ir buscar ao aeroporto, sendo apenas necessário deslocar-me até à saída do Aeroporto, e o carro estaria ai parado. Tudo tinha corrido sem problemas, pelo que não seria agora que iria ter surpresas... Ou talvez não...
Chegando ao parque de estacionamento, indicado por um funcionário do aeroporto, não havia qualquer transporte do hotel!
E agora? como chegar ao hotel? Que stress! A primeira vez em África, não conheço o país, não sei onde fica o hotel e não há autocarros.
Solução? Táxi. Mas não um qualquer táxi, um táxi com estofos de leopardo...
Com 30 ºC às 3H da manhã, estofos de leopardo?
De qualquer modo, foi uma viagem estranhamento confortável. Não sei se pelo pêlo farfalhudo do leopardo se pelo cansaço que já se apoderava de mim.
Ah! e não pude pagar o táxi com euros. A moeda na Guiné é o Franco CFA (mais conhecido como o XOF), por isso, na chegada ao hotel tive de pedir que fizessem o pagamento do transporte.
Conclusão
No geral, acabou por ser uma viagem bastante calma, embora nos primeiros dias tenha levado algum tempo a habituar-me ao caos ordenado do país e à pobreza generalizada de grande parte da população. De qualquer modo, este nervoso acabou por passar assim que me fui apercebendo de como as pessoas nos recebiam bem, com muita simpatia e atenção.
O trabalho ficou concluido e regressei da Guiné com uma experiência nova e inesquecível.