1. Comprar o Japan Rail Pass

Planear os transportes que vamos usar, é um dos melhores conselhos que poderia dar a alguém que vai visitar o Japão.

Os transportes públicos são excelentes, especialmente o comboio e o metro, por isso, antes da viagem, optei por comprar o Japan Rail Pass para 14 dias. 

O Japan Rail Pass é um bilhete de comboio que nos dá acesso a vários comboios e linhas durante um conjunto de dias. O número de dias de validade depende do bilhete, no meu caso foram 14 dias, mas pode também ser 7 ou 21 dias. Obviamente, os preços são diferentes...

O preço do Japan Rail Pass é alto, pode ir de €315 para os 7 dias até €629 para os 21 dias. No entanto, é algo que permite poupar muito dinheiro.

Comprar as viagens individualmente fica bastante caro, por isso, para quem planeia passear por várias cidades japonesas, este passe permite fazer um conjunto grande de viagens com um preço fixo.

O Japan Rail Pass é apenas para a empresa JR (que é a principal empresa de comboios do Japão). Mas o passe dá acesso a comboios, ferries e transfers desde o aeroporto. No caso dos comboios temos acesso às linhas Shinkansen (que são os comboios rápidos) e às linhas de comboio regionais.

O grande benefício do passe é realmente saber que não vamos pagar mais do que aquele valor para nos deslocarmos as vezes que quisermos entre as cidades japonesas.

Para obtermos este passe, teremos de o comprar online no website da empresa. Depois de pago, eles enviam por correio um voucher, que teremos de trocar pelo Japan Rail Pass. É bastante fácil e pode trocar-se diretamente no aeroporto, o que nos dá acesso imediato ao transfer do aeroporto.

Convém é pensar bem quando queremos ativar o passe. No meu caso, estive inicialmente 4 dias em Tóquio, por isso, optei apenas por ativar o cartão depois desses dias, para poder aproveitar ao máximo o número de dias de viagem que o cartão me dava.

Existem, no entanto, algumas restrições a ter em conta. O passe permite andar em todos as linhas Shinkansen sem lugares marcados, mas não permite andar nos comboios bala Nozomi e Mizuho. Ainda assim, não se preocupem, porque os restantes Shinkansen já são comboios muito rápidos. Outra restrição a ter em conta é que o passe não inclui os bilhetes de metro nas cidades, esses terão de ser comprados nas bilheteiras das estações.

Mas temos acesso a diversos tipos de comboios, funiculares, e até barcos!

Os comboios regionais são muito diferentes, mas na imagem abaixo mostro o comboio regional que nos leva até perto do Monte Fuji:

Também utilizei o Japan Raill pass para viajar desde Hiroshima até uma ilha ao largo da cidade, que se chama Myajima, utilizando o Japan Rail Pass. Coloco abaixo uma foto do ferry.

2. Viajar leve

Se optarem por comprar o Japan Rail Pass, significa que vão utilizar sobretudo os transportes públicos Japoneses.

Os comboios, metros, autocarros e ferries, têm excelentes condições, chegam sempre a horas, mas estão quase sempre bastante cheios. Por isso, convém estar preparado para entrar e sair dos vários transportes com rapidez e eficiência.

O meu conselho para andar nos transportes públicos Japoneses é viajar com malas pequenas e o mais leve possível.

Como os transportes públicos estão sempre cheios, levar malas grandes e pesadas faz com que andemos sempre a bater nas outras pessoas ou que ocupemos espaço destinado a alguém se sentar.

Os Japoneses são um povo que preza muito a ordem e a eficiência, por isso, eles vão olhar de lado para alguém que lhes vai tomar o espaço do seu metro ou autocarro com uma mala grande.

Além disso, uma mala grande e pesada torna-se, também, muito difícil de transportar por escadas e de tirar das bagageiras dos transportes públicos.

Ou pior, não caber nas bagageiras perto de nós, o que faz com que estejamos sempre preocupados se alguém pode mexer na nossa mala (embora o Japão seja muito seguro e dificilmente isto vai acontecer).

Acrescento também que o Japan Rail Pass não tem bilhetes marcados (assim como outras tarifas que podem ser adquiridas nas bilheteiras), por isso, quanto mais depressa entrarmos nos comboios e autocarros, mais depressa conseguimos arranjar um lugar sentado, o que pode não ser tarefa fácil em algumas linhas. Com uma mala grande, é muito difícil de entrar rapidamente num comboio!

Por isso, convém planear muito bem o que vamos precisar de acordo com o número de dias que vamos estar no Japão e levar apenas o essencial.

Tudo o que não seja essencial pode certamente ser comprado em qualquer supermercado local a preços bastante normais. Vale bem a pena não ir carregado e aproveitar a qualidade dos transportes públicos sem ter de transpirar a arrastar uma mala enorme.

Ah! e se por acaso a viagem for no verão, então levem roupa leve, preferencialmente em tecidos respiráveis, como o das camisolas de desporto. Vai fazer toda a diferença. Fica mesmo muito quente!

3. Respeitar os costumes locais

Os Japoneses são um povo muito organizado, orientado para a eficiência e, sobretudo muito educados.

Em qualquer viagem é importante ser cuidadoso em respeitar os hábitos dos locais, que podem ser bastante diferentes dos nossos, o Japão não é diferente.

Para os Japoneses é ofensivo dar gorjeta por qualquer serviço prestado. Devemos pagar o preço que nos está a ser cobrado. Esse é o valor que eles consideram justo pelo serviço.

Oferecer gorjeta é desrespeitar o serviço que nos foi prestado, por isso, há que ter isso em conta.

A educação e o respeito pelos outros são aspetos muito importantes na sociedade Japonesa. É muito pouco comum ver os japoneses apertarem a mão uns aos outros como forma de cumprimento. O que é comum é fazerem uma pequena vénia entre eles como forma de saudação e de respeito.

A vénia será tanto maior quanto maior for a importância da pessoa, a idade ou a importância do encontro.

Este hábito Japonês é algo que devemos tentar respeitar e fazer, também, uma pequena vénia quando iniciamos uma conversa com alguém, mesmo que seja fazer uma pergunta numa loja ou num restaurante.

Para quem não está habituado e não faz parte da cultura Japonesa, isto é um pouco estranho ao inicio, mas é algo que aprendemos com facilidade, sobretudo ao assistir as outras pessoas fazerem. Acaba por tornar-se um gesto natural.

Outro aspeto importante em relação à educação dos Japoneses é que não apreciam que apontemos (com o dedo...) para pessoas ou locais. Para eles é um gesto agressivo que devemos evitar. Um simples aceno com a cabeça ou um gesto com a mão serão suficientes para indicarmos aos nossos companheiros de viagem algo que queremos que vejam.

As filas são outro ponto que gostaria de destacar a alguém que vá visitar o Japão.

O respeito pelas outras pessoas é algo muito importante no Japão e quando conjugamos isto com uma sociedade orientada para a eficiência, então dá para imaginar que não é boa ideia furar filas ou não respeitar a organização dos locais.

É muito comum que os comboios e o metro tenham filas pintadas no chão para indicar onde devemos esperar ordenadamente pelo transporte. Descobri isto da pior maneira.

Quando fui para a fila para entrar num comboio, coloquei-me ao lado de uma senhora Japonesa, que prontamente me indicou com a mão que aquele não era o meu sitio na fila. Rapidamente percebi a mensagem e fiz várias vénias à senhora para me desculpar.

Embora este conselho seja válido não só para viajar, como também para vivermos na nossa própria sociedade, no Japão é particularmente importante segui-lo.

Por último, no que diz respeito ao respeito pelos costumes locais, o conselho que daria a qualquer pessoa que visite o Japão é de tentar respeitar o silêncio quando ele está a ser feito pelos Japoneses.

O único momento em que vi os Japoneses serem mais extrovertidos e barulhentos foi numa sexta-feira à noite numa zona de bares e com bastante bebida à mistura...

Em todos os outros sítios, eles gostam de manter o silêncio e respeitar a pessoa ao seu lado.

Por isso, o conselho que dou é "em Roma sejam Romanos", isto é, não conversar muito alto em locais públicos como em transportes ou em sítios onde não existe mais ninguém a fazer barulho (muito menos em templos...).

4. Manter a limpeza dos locais públicos

A higiene no Japão é algo que é muito levado a sério.

Aliás, penso até que a obsessão por limpeza no Japão é algo com o qual todos nós deveríamos aprender.

São raros os museus onde não tenhamos de tirar os nossos sapatos à entrada: ou andamos de meias, ou são-nos dados chinelos para utilizarmos.

Fui a um restaurante de Ramen na cidade de Hakone (junto ao Monte Fuji) onde tínhamos de tirar os nossos sapatos à entrada e, quando fui à casa de banho, tinha uns chinelos para utilizar APENAS na casa de banho.

É muito importante respeitar estas praticas, não só porque não queremos ofender os nossos anfitriões, como também, se pensarmos bem, convém manter o local limpo e desinfetado.

Honestamente, algo que me agrada bastante é que restaurantes e hotéis se preocupem em manter a higiene!

Outro local que visitei foi um Ryokan (hotel tradicional Japonês), também na cidade de Hakone, onde tínhamos uns chinelos para circular dentro do hotel e, obviamente, chinelos para utilizar em áreas como banhos ou sanitários.

Por causa destas excelentes práticas de higiene, as casas de banho no Japão, foram as mais limpas que encontrei em toda a minha vida, mesmo em locais públicos como estações de metro ou de comboio.

Não há ninguém que não fique reconfortado em encontrar um WC imaculado quando está aflito. Por isso, vamos tentar deixa-las como as encontrámos.

5. Marcar hotel com antecedência

Um detalhe que considero que foi muito positivo da minha viagem ao Japão foi o facto de termos marcado os hotéis com bastante antecedência.

A minha viagem foi em Agosto, que é uma altura em que há bastante procura e os preços sobem bastante, por isso, marcar as hotéis com a antecedência correu muito bem porque garantimos sempre o melhor preço e que tínhamos um lugar onde ficar.

Isto é bastante importante em algumas cidades, tal como Kyoto, em que os hotéis estavam bastante cheios. 

O que costumo fazer nestas situações, tal como muitas pessoas, é marcar através do booking.com e tentar ver as tarifas com cancelamento.

Assim, tenho sempre flexibilidade se me apetecer mudar o trajeto da viagem ou se simplesmente vir outro hotel que gosto mais. Confesso que nunca desmarquei nenhum dos hotéis que tinha marcado, mas pelo menos tenho essa possibilidade. 

Por isso, a minha sugestão para ter uma viagem descansada é realmente marcar o hotel com antecedência.

6. Ter algum dinheiro físico 

Em relação ao dinheiro, é importante termos sempre connosco dinheiro em papel e moedas.

Há muitos pequenos negócios que não aceitam cartões de crédito ou mesmo de débito.

No entanto, a maior parte dos locais podemos facilmente pagar com cartões e existem caixas multibanco (ATM) em muitos sítios. Por isso, não precisamos de estar carregados com grandes quantias de dinheiro, podemos ir levantando e utilizando, também, os nossos cartões sempre que possível.

7. Ter uma aplicação de tradução no telemóvel

A minha última sugestão é para o vosso telemóvel...

Antes da viagem, instalei no meu telemóvel a uma aplicação de tradução com o Japonês carregado.

Acabou por ser muito útil, em especial num hotel tradicional Japonês onde comunicamos com o dono através da aplicação. Ele próprio já tinha a aplicação instalada para poder comunicar mais facilmente com os hóspedes.

Recomendo vivamente instalar esta aplicação se não percebermos absolutamente nada da língua do país para onde vamos. O que era o meu caso no Japão...

Conclusão

Viajar pelo Japão é bastante simples. É um país muito organizado e seguro.

Depois da minha experiência há alguns conselhos que dou sempre a quem me pede para viajar pelo Japão:

1. Comprar o Japan Rail Pass e viajar de comboio;
2. Viajar leve (com pouca bagagem);
3. Ser educado e respeitar todos os costumes locais;
4. Respeitar a limpeza dos locais públicos;
5. Marcar hotel com antecedência;
6. Ter algum dinheiro físico
7. Instalar uma aplicação de tradução para o telemóvel.

De resto, é aproveitar ao máximo a viagem!